Dos mais de 200 milhões de residentes no Brasil, de acordo com dados do Censo 2013, 71,2% -- ou seja, 142,8 milhões – consultaram médico nos últimos 12 meses anteriores à data de referência da PNS 2013 (Pesquisa Nacional de Saúde), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (2). A pesquisa comprovou, ainda, que 14,1 milhões (7% dos residentes em domicílios particulares) deixaram de trabalhar, ir à escola ou realizar uma atividade habitual porque estavam resfriados, com enxaqueca ou não se sentiam bem.
O primeiro volume da PNS, divulgado em dezembro do ano passado, continha capítulos como a percepção do estado de saúde, as doenças crônicas não transmissíveis e o estilo de vida. Nesta edição, a Pesquisa Nacional de Saúde 2013 registra o acesso e utilização dos serviços de saúde, acidentes e violências. Veja a seguir alguns pontos da pesquisa:
Acesso à saúde
Das 30,7 milhões de pessoas que procuraram algum atendimento de saúde nas duas semanas anteriores à data da PNS, 97% afirmaram ter conseguido atendimento e 95,3% foram atendidas na primeira vez em que procuraram o serviço. Das pessoas que não conseguiram atendimento de saúde na primeira vez, 38,8% alegaram que não havia médico disponível e 32,7% não conseguiram vaga ou pegar senha.
Plano de saúde
Em 2013, 27,9% da população possuíam algum plano de saúde (médico ou odontológico). As regiões Sudeste (36,9%), Sul (32,8%) e Centro-Oeste (30,4%) apresentaram as maiores proporções; as regiões Norte (13,3%) e Nordeste (15,5%), as menores. A região Sudeste registrou percentual quase três vezes maior que o verificado na região Norte. Na área urbana (31,7%), o percentual de pessoas cobertas por plano de saúde era cerca de cinco vezes superior ao observado na área rural (6,2%)
Saúde da família
Do total, 53,4% dos domicílios estavam cadastrados em Unidades de Saúde da Família. Dentre os que se registraram há um ano ou mais, 17,7% nunca receberam visita de agente comunitário de saúde ou de um membro de equipe de saúde da família.
Internação em hospitais
Das 200,6 milhões de pessoas residentes no Brasil, 6% (12,1 milhões) ficaram internadas em hospitais por 24 horas ou mais nos últimos 12 meses anteriores à data da entrevista. A regiões que apresentaram proporções superiores à média nacional foram Sul (7,5%) e Centro-Oeste (7,4%). Tratamento clínico e cirurgia foram os dois tipos de atendimento mais frequentes nos casos de internação, sendo 42,4% e 24,2% em estabelecimentos de saúde pública. Em instituições privadas, os pesos se invertem: 29,8% procuraram tratamento clínico e 41,7%, cirurgias.
Discriminação no serviço de saúde
A PNS mostra que 10,6% da população brasileira adulta (15,5 milhões de pessoas) já se sentiram discriminadas na rede de saúde -- pública ou privada. A maioria disse ter sido tratada de forma diferenciada por motivos de natureza econômica: 53,9% em função da falta de dinheiro e 52,5% em razão da classe social.
Consulta ao dentista
A proporção de pessoas que consultaram dentista nos últimos 12 meses anteriores à data da entrevista foi de 44,4% (89,1 milhões). Quanto maior o nível de instrução, mais elevada a proporção de consulta ao dentista, variando de 36,6% (sem instrução ou com fundamental incompleto) a 67,4% (superior completo).
Problemas de saúde
A proporção de pessoas que deixaram de realizar atividades habituais por motivo de saúde foi maior entre as mulheres (8%) que entre os homens (5,9%). A pesquisa também investigou os motivos de saúde que impediram as pessoas de realizar suas atividades habituais: 17,8% citaram resfriado ou gripe e 10,5% relataram dor nas costas, problema no pescoço ou na nuca. Em relação à idade, observou-se que, quanto mais elevada, maior também a proporção do indicador, atingindo 11,5% entre as pessoas de 60 anos ou mais.
Dengue
Vale considerar que a PNS tem por base dados de 2013, antes de a epidemia de dengue levar o Ministério da Saúde a uma campanha nacional. Em 2013, 12,9% da população (25,8 milhões) disseram ter tido dengue alguma vez na vida. As proporções foram maiores que a média nacional nas regiões Norte (20,5%), Nordeste (18,5%) e Centro-Oeste (17,5%). Dos diagnosticados com dengue, a maioria era de mulheres (14,3%), acima da média nacional.
Medicamentos obtidos em rede pública
Pelo menos 6,4 milhões de pessoas (33,2%) fizeram uso de um dos medicamentos receitados no serviço público. Embora não houvesse grande diferença entre as regiões, essa divisão ficou mais clara em relação a cor e grau de instrução: quanto menor o nível de instrução (sem instrução ou fundamental incompleto), mais pessoas de cor parda (41,4%) obtiveram medicamentos. Do total de 19,3 milhões que tiveram medicamento receitado no último atendimento de saúde, 21,9% (4,2 milhões) conseguiram o remédio no Programa Farmácia Popular.
Acidentes e violência
A proporção de pessoas que se envolveram em acidente de trânsito com lesões corporais nos últimos 12 meses anteriores à pesquisa foi de 3,1%, sendo a maioria homens (4,5%) e jovens. Dos que se envolveram em acidente de trânsito, 47,% deixaram de trabalhar, estudar e realizar outras atividades, enquanto 15,2% tiveram sequelas ou incapacidades. Em relação à violência, 3,1% das pessoas de 18 anos ou mais sofreram violência ou agressão de alguém conhecido. Nos 12 meses anteriores à realização da entrevista, 3,1% da população feminina com mais de 18 anos (2,5 milhões de mulheres) sofreram agressão física, verbal ou emocional cometida por pessoas que conheciam a vítima.
Saneamento
No Brasil, 60,9% dos domicílios (39,7 milhões) possuem banheiro ou sanitário e esgotamento sanitário por rede geral de esgoto ou pluvial. As regiões revelaram situações diferentes em relação a este indicador: enquanto no Sudeste a proporção foi de 86,3% dos domicílios, na região Norte foi de 15,5%
Coleta de lixo direta
No Brasil, 89,3% dos domicílios foram atendidos por serviço de coleta de lixo direta, o equivalente a 58,2 milhões de unidades domiciliares. As regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste apresentaram resultados superiores à média nacional, sendo a Sudeste a que registrou a maior proporção (95,7%). As regiões Norte e Nordeste apresentaram resultado inferior à média nacional: 78,8% e 79,1%, respectivamente.
Animais domésticos
A PNS 2013 estimou que 44,3% dos domicílios do país possuíam pelo menos um cachorro (28,9 milhões de casas). Em relação à presença de gatos, 17,7% dos domicílios do país possuíam pelo menos um, o equivalente a 11,5 milhões. Dentre os domicílios com algum cachorro ou gato, 75,4% (24,9 milhões) deles tiveram todos os animais vacinados contra raiva nos últimos 12 meses.